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terça-feira, 25 de junho de 2013

Ato em Niterói. 19/06/13

      Antes de começar a relatar, gostaria de ressaltar que não devemos marginalizar um movimento inteiro, ou ficar enfatizando muito no que acontece no final do protesto quando há o "quebra-quebra" (não irei utilizar vandalismo, pois a imprensa já faz isso muito bem e acaba ficando na cabeça de muitas pessoas e torna-se algo referencial do movimento - para algumas pessoas que assistem de plateia).
     Cheguei em Niterói era por volta de 15 horas e 20 minutos. Descendo da última plataforma do terminal já percebia uma movimentação muito grande, o que não era normal para um dia de quarta-feira comum sem feriado, conforme fui andando, percebi o grande fluxo de pessoas entrando no terminal, e grandes filas se formando aguardando o ônibus, e pelos comentários que ouvi, as pessoas estariam saindo para evitar a manifestação que estava marcada seu início para 17 horas.
      Nesse momento já era perceptível a grande mobilização para um lindo ato que pararia Niterói (ou Nikity como foi dito durante a passeata), em sua grande maioria são estudantes da Universidade Federal Fluminense (durante a concentração, durante a manifestação já não éramos a maioria), que se concentram e se organizam em diversos lugares: Valonguinho/DCE, Gragoatá e Praia Vermelha. Passando pelo Gragoatá, vi a organização deles entre o bandejão 1 e 2, e ouvi um estudante orientando outros dizendo que o ato seria completamente pacífico. Ao sair do Gragoatá rumo a Praia Vermelha para encontrar com a galera do meu curso (geografia), tinha outra concentração onde nós costumamos esperar o BusUFF, e no mesmo momento acabava de passar o carro de reportagem da band. Chegando na Praia Vermelha, eu e mais uma galera de geografia, nos organizamos e seguimos até a praça Araribóia. O clima era de paz, de justiça pelos nossos direitos, de união. Naquele momento me deu orgulho de ser brasileira, pois estávamos nos preparando para um ato totalmente democrático (muito mais do que 0,20, que na realidade são 0,40 - ida mais volta) e mesmo as pessoas que estavam trabalhando ou retornando para suas casas, a maioria (mas sem generalizar, por favor) demonstravam satisfação e apoio. Além disso era jogo onde a seleção brasileira iria jogar, e mesmo assim muitas pessoas deixando o futebol de lado para ir às ruas.
     A questão da passagem foi apenas a gota d'água para que o povo brasileiro mostrasse toda sua insatisfação, onde há um gasto enorme para as obras  de melhorias para Copa, obras que eram já para ser feita a favor da população. A melhor maneira de saber o que está se passando nas manifestações é indo às ruas, e não ouvir relatos e/ou assistir pela "TV" (fica um pouco superficial e proporciona abertura para julgamentos inadequados e incompletos).
       Começa então a manifestação seguindo a Rua Amaral Peixoto  (não me perguntem o  restante do trajeto e o nome das outras ruas, não conheço muito bem elas), durante o caminho encontro com mais amigos representando a galera da GeoUff. Havia pessoas com diversas mensagens em seus cartazes. E também além de estudantes, crianças, idosos e até mesmo pessoas ainda com uniforme de trabalho. Já estávamos em uma distância considerada com relação ao início do trajeto e, segundo o que foi anunciado no carro de som, tinha ainda muitas pessoas ainda nas barcas (estação Araribóia) para nos acompanhar.                    Algumas pessoas na tentativa de levantarem bandeira de partidos, no mesmo momento começava o grito de guerra que dizia sem partido (nada contra, mas sem partido lembra de algo que aconteceu em 1964. Ainda mais para um  movimento que era apartidário está agora tornando-se anti-partidário). Diante desse "conflito" alguns manifestantes impediram, em um determinado momento, que o carro de som prosseguisse. Teve também partes do hino nacional, e: "A verdade é dura, a rede globo apoiou a ditadura!", "Sem violência!","Mídia fascista, sensacionalista", "O dinheiro do meu pai não é capim, eu quero passa livre sim!", "Se a passagem não baixar, Nikity vai parar!". E entre outros gritos de guerra. Durante a nossa passagem ouve uma participação até daquelas pessoas que não estavam nas ruas, e também daquelas que estavam nos prédios, alguns estendiam bandeiras brancas, outros com chuva de papel, piscavam a luz em resposta: "quem apoia pisca a luz". E assim seguia o ato até o momento em que começo ouvir barulhos de bombas, pessoas correndo, aquele cheiro irritante de gás, bomba. A partir desse momento nem tinha noção do que estaria acontecendo, mas aí começava o conflito, o "quebra-quebra", e tudo isso que mídia fez questão de mostrar. Tentei prosseguir com mais duas pessoas com objetivo de sair, mas eram muitas pessoas, muitos conflitos, todos os caminhos possíveis para sair cercados por policiais, até que encontramos uma rua "livre" e então foi nela que saímos de frente para o terminal ao invés das barcas. Nesse momento a ponte estava fechada, as barcas (que era a única chance, até então) também estava fechada, restando assim ficar no terminal aguardando a chegada do ônibus. Finalizo aqui então o meu relato.


                              Fonte da imagem: Folha de São Paulo

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